31 de out. de 2010

O Brasil de vermelho: Dilma é presidenta. E por que votei nela

Dilma, a primeira presidenta do Brasil (Foto: Reuters)


Um dia histórico. Dilma Rouseff foi eleita na noite deste domingo a primeira presidenta do Brasil. Enquanto a apuração segue acontecendo (no momento, 20h11, 55,43% a 44,57%, sendo matematicamente impossível que haja virada), milhões de eleitores em várias partes do Brasil já saem às ruas comemorando a vitória da petista.

Eu orgulhosamente votei na Dilma. Bem como votei nos outros candidatos do PT no primeiro turno. Foi assim nas eleições de 2008, foi assim nestas, será nas próximas. E agora comento o porquê. Antes, peço perdão aos leitores por falar de política, assunto tão polêmico e que dizem que não se discute. Tive o cuidado de deixar para postar este texto após as eleições, para não passar a impressão de que o texto era uma plataforma eleitoral. Não era e nem é essa a intenção. Após ter recebido inúmeras críticas - algumas tão patéticas que mereceriam um post numa sexta-feira, para os caros leitores poderem rir - ao longo dos últimos três meses, quero deixar mais claro alguns pontos, sem prolongar a discussão.

Primeiramente, se gosto de política, é muito por influência da família. Meu avô (que nos deixou neste ano de 2010 e que agora nos abençoa lá de cima) sempre foi uma pessoa humilde e, por circunstâncias da vida difícil que levava, não teve acesso aos estudos. Ainda assim, sintonizava o rádio que tinha em casa em uma rádio comunista de Moscou, na Rússia, nos difíceis e opressores tempos da Ditadura Militar no Brasil. Além disso, rodou panfletos em casa contra o regime ditatorial. Ou seja, era plenamente consciente de como aqueles tempos eram maléficos para o país e para a população. 

E as Diretas Já? O movimento que reivindicava as eleições presidenciais diretas no Brasil, nos anos de 1983 e 1984? Que contou com cerca de um milhão e meio de pessoas clamando pela democracia? Minha mãe estava lá entre a multidão que clamava por um Brasil melhor e liberdade para a população escolher seus governantes. 

Finalmente, mais uma geração se passa e chega a minha vez. Não driblei a ditadura. Não gritei nas Diretas Já. Tudo porque, felizmente, vivo em um país sem turbulências políticas como às daqueles tempos. Mas desde antes de votar, gostava de eleições. Quem conviveu comigo lembra (ou se não lembra, vai relembrar), dos tempos em que eu usava as cores do partido em que votarei, broches e adesivos - isso continua até hoje.

No governo, o PT de Lula conseguiu tirar dezenas de milhões de pessoas da miséria e outros tantos milhões e milhões passaram para a classe média. Não é a toa que o melhor presidente que o Brasil já teve sai com aprovação de mais de 80%. Apenas 3% consideram ruim/péssimo. Jamais vi isso em alguma democracia e acho que vai demorar muito para ver novamente, se é que voltarei a ver. Hoje as pessoas viajam de avião, algo impensável até então. O Brasil de hoje marca presença nas grandes decisões mundiais, afronta as potências, terá Copa, Olimpíadas e economia forte. Eu poderia listar inúmeras realizações do governo Lula, mas acho que não se faz necessário: durante os últimos oito anos, qualquer brasileiro sensato percebeu que Lula foi o melhor presidente.

Aqui em São Paulo, moro na zona leste, uma região da cidade que só é lembrada por políticos na hora de pedir votos, por ser populosa (vide obra eleitoreira de troca de calçada no meu bairro, que ficou pela metade - o outro lado da avenida segue com calçadas antigas e irregulares). A única coisa que vi mudar aqui foi na época do governo petista da Marta Suplicy. Ônibus caindo aos pedaços, lotações irregulares e greves no transporte público eram constantes, após uma cidade devastada pela administração anterior, de Pitta. A fronta de ônibus foi renovada, entraram em cena os micro-ônibus que foram regularizados pela prefeitura. E as enchentes? Bastava dar uma pancada rápida de chuva e o rio Aricanduva transbordava e inundava casas (que, em alguns pontos, estão abaixo do nível do rio - mas isso já é outra discussão). Hoje, segue a situação de enchentes em algumas tardes tempestuosas, mas houve uma grande melhora graças aos piscinões construídos na gestão do PT.

Já viram os CEU's (Centros Educais Unificados)? Aposto que muitos falam mal sem sequer conhecer. Estive no CEU Aricanduva em uma comemoração do aniversário de São Paulo, em 2007 e constatei que o fato da população pobre não ter cultura é muito pela falta de opções. Porque o que vi naquele dia 25 de janeiro foi um auditório lotado de gente apreciando a programação cultural que estava sendo oferecida, enquanto as crianças se divertiam nas piscinas, longe do perigo das ruas. Também estive uma vez em um CEU na Cidade A. E. Carvalho (para vocês terem uma ideia, a cerca de 21km da Praça da Sé e 24km da Avenida Paulista, aqui na zona leste), no meio de uma comunidade bastante carente. Pude presenciar pessoalmente como a população usufrui dos benefícios do CEU, programa do governo Marta, volto a reforçar.

Pena que tudo isso é muito mascarado pela mídia. Não convém apoiar a população pobre e os governos que possuem um olhar social. Isso não é só no Brasil, lendo jornais de outros países, pude comprovar que nestes o fenômeno é o mesmo. Quem tem a perder é a população, que, devido à degradação jornalística, fica sem saber de inúmeras coisas. Ou fica sabendo de outras que sequer são verdade. É engraçado, boa parte da população quase nunca vê o que acontece com o país. Quando vê, se restringe a um ou dois meios de comunicação, recebe informações de forma distorcida e acha que está dominando o assunto (não que eu esteja, ninguém domina completamente assunto nenhum).

Portanto, em vez de acreditarem piamente no que a imprensa manipuladora (só falta acreditarem que a Dilma vai implantar censura, como acharam que o Lula faria em 2002) e visivelmente contra o governo escreve, leiam notícias de outros veículos de comunicação. Leiam as notícias de periódicos de outros países para ver que até veículos de direita de outros países parabenizam o governo Lula no Brasil. Saiam do mundinho, conheçam outras realidades econômicas e sociais - isso, além de ajudar a ter um olhar melhor sobre a sociedade, ainda nos faz refletir sobre a vida que vivemos. Parem com o preconceito descabido em relação à maioria dos nordestinos e da população carente que vota nos governos que se preocupam com o povo. Parem de acreditar que determinados governos vão se preocupar com o bairro onde vivemos, já que não somos e estamos longe de ser a elite da sociedade paulistana.

São muitos os tópicos a serem apontados, as críticas a serem feitas. Mas para não me prolongar ainda mais, encerro por aqui. Espero que permanentemente. E reitero meu pedido de desculpas por tratar de tema tão polêmico. Em tempo, agradeço imensamente o recorde de visita diário, quando postei pela última vez, sobre a morte de Kirchner. Falta tempo, mas já tenho alguns posts pré-escritos e outros pensados. Então, logo passarei a atualizar com maior frequência. Obrigado mesmo!

30 de out. de 2010

Argentina em prantos


Comovido pela morte do ex-presidente, casal argentino deseja força a Cristina Kirchner, sua esposa (Foto: Reuters)

Argentina em prantos

Morte do ex-presidente Néstor Kirchner para o país. Milhares de argentinos vão às ruas para se despedir

 
Era uma quarta-feira ensolarada de primavera em Buenos Aires, após o longo e frio inverno argentino. O governo federal havia decretado feriado nacional, para que o Censo 2010 fosse realizado por 650 mil recenseadores em um único dia.

Mas ainda era meio da manhã quando uma notícia abalou o país. Morre Néstor Kirchner, ex-presidente do país (governou entre 2003 e 2007) e marido da atual presidenta Cristina Fernández de Kirchner.

Kirchner se sentiu mal em El Calafate, na Patagônia argentina, por volta das 7h30 (8h30 no horário de Brasília). Rapidamente foi levado ao hospital, mas não resistiu: cerca de duas horas depois, faleceu vítima de uma parada cardíaca, aos 60 anos.

Em questão de minutos, a notícia tomou conta da Argentina. Por ser feriado e o comércio estar fechado para a realização do censo, muitos argentinos ficaram em casa, com os olhos permanentemente atentos à televisão e às notícias que chegavam. Outra parte da população já se deslocava rumo à região da Plaza de Mayo, no centro da cidade, onde fica a Casa Rosada, sede do governo argentino, em busca de maiores informações.

Por volta de 1h30 (2h30 em Brasília) de quinta, o corpo chegou a Buenos Aires e foi levado à Casa Rosada. Durante toda a quinta, milhares de argentinos foram se despedir do político, após uma espera que chegava a durar dez horas sob o sol. O metrô rodou de graça, para facilitar o acesso da população à Plaza de Mayo.

Ainda de manhã, a presidenta Cristina Kirchner chegou. Ao longo do dia, ela recebeu os pêsames de políticos de todas as partes da América Latina, como dos presidentes do Equador (Rafael Correa), Brasil (Luís Inácio Lula da Silva), Venezuela (Hugo Chávez), Uruguai (José Mujica) e Chile (Sebastian Piñera), entre outros.

Na manhã de sexta-feira, Buenos Aires parou para o trajeto do corpo da Casa Rosada até o Aeroparque, aeroporto no centro da capital argentina. À noite, o corpo chegou até Río Gallegos, onde foi dado o último adeus.

Milhares de pessoas aguardam para se despedir de Néstor. Espera chegou a dez horas (Foto: EFE)

 

Problemas de saúde

Néstor Kirchner já havia se submetido a duas cirurgias durante este ano por problemas cardíacos. A primeira foi no início de fevereiro, quando foi operado para desobstrução da carótida direita. Mais recentemente, foi submetido a uma angioplastia, em setembro. Em ambas as cirurgias, a recuperação do ex-presidente foi rápida e, apesar de algumas recomendações médicas de que não poderia fazer esforço excessivo, Néstor Kirchner estava bem. Isso tornou a notícia ainda mais trágica e inesperada, já que o político não estava internado.

 
Biografia

Néstor Kirchner nasceu em 1950 em Río Gallegos, na província de Santa Cruz, no sul da Argentina. Na década de 70, entra no Partido Justicialista - fundado por Juan Domingo Perón - quando era líder estudantil na Universidade Nacional. Em 1975, casa-se com Cristina Kirchner, colega do curso de direito, com quem tem seus filhos, Máximo e Florência. Em 1987, é eleito prefeito de Río Gallegos e em 1991, governador de Santa Cruz, província que governou até 2003 (foram três mandatos consecutivos). De 2003 a 2007, é presidente da Argentina, e, em 2007, passa a presidência à sua mulher, Cristina. Em 2010, é eleito secretário geral da Unasul (União de Nações Sul-Americanas)

 
Período como presidente da Argentina

Peronista e com um governo voltado à população mais carente, Kirchner assumiu durante um dos períodos mais complicados da história argentina. Após uma grave crise econômica que afetou o país no final da década de 90 e início da década de 2000 e sucessão de presidentes, a Argentina chegava ao fim da crise com nível de pobreza atingindo 49,7%. O PIB (Produto Interno Bruto – soma das riquezas produzidas por um país) havia caído 3,4% em 1999, 0,8% em 2000, 4,4% em 2001 e 10,9% em 2002. Kirchner consegue alavancar a economia argentina, e, durante seu governo, o país cresce a taxas entre 8,5% e 9,2% ao ano. Mais do que isso, consegue levantar a autoestima e confiança dos argentinos no país.

Entretanto, recebeu duras críticas da oposição, sob acusação de manipulação dos índices oficiais, que são medidos pelo Indec. O principal índice que teria sido manipulado seria o da inflação. De acordo com dados oficiais, ela estaria rondando valores de cerca de 7 a 9% ao ano durante os últimos anos, enquanto que, de acordo com organismos privados, estaria acima de 20% ao ano.

 
O futuro do kircherismo

Há fortes divergências entre os especialistas em relação ao que deve acontecer com o kircherismo, especialmente devido à forte divisão na sociedade argentina entre os que apoiam e não apoiam o governo.

Por um lado, a popularidade da presidenta Cristina Kirchner está baixa (índice em torno de 35%), e Néstor tinha grande influência sobre o governo de Cristina. Isso leva muitos especialistas a dizer que o kircherismo está ameaçado já nas próximas eleições, que serão realizadas no ano que vem.

Por outro lado, Néstor Kirchner era considerado o candidato mais forte às eleições presidenciais. Por isso, alguns especialistas em política afirmam que a morte dele poderia aumentar fortemente a popularidade de Cristina. Dessa forma, ela poderia inclusive se tornar uma política como Evita Perón, líder política de grande carisma, que foi primeira-dama da Argentina.

(Texto escrito por mim com base em jornais e sites de notícias, para trabalho da faculdade)

16 de out. de 2010

Começa logo mais o horário de verão

Por volta de 20h15, em anoitecer de verão no litoral paulista - Foto: Fábio De Nittis


Atenção! Logo mais, à meia-noite, começa o horário brasileiro de verão. Os moradores das regiões sul, sudeste e centro-oeste deverão adiantar os relógios em uma hora, para 1h, portanto.

Adotado pela primeira vez no Brasil em 1931, o horário de verão é colocado em vigor todos os anos desde 1985, variando apenas a duração da medida e os Estados afetados. Desde 2008, ficou estabelecido que o horário de verão irá sempre do terceiro domingo de outubro ao terceiro domingo de fevereiro. A exceção é quando o terceiro domingo de fevereiro cai no feriado do Carnaval. Nesse caso, o término do horário de verão passa a ser no domingo seguinte.

Desta vez, a medida deve durar 126 dias - os relógios voltam ao normal à 0h do dia 20 de fevereiro de 2011 - e deve gerar ao país economia de energia elétrica de 5%.

Em São Paulo, a CPTM - empresa responsável pelas linhas de trem da Região Metropolitana - e o Metrô operam em esquema especial. Em vez de fechar à 1h, as estações de trem e metrô fecharão às 2h de domingo, já em horário de verão (1h no horário antigo) e reabrem às 4h (CPTM) e 4h40 (Metrô), também seguindo o novo horário. Há também alterações no horário de funcionamento de vários parques paulistanos, que estendem o horário de funcionamento (para maiores informações, clique aqui).