22 de jul. de 2012

Fora da internet

Itapevi e zona leste em Buenos Aires

O blog está abandonado, eu sei. Às vezes o motivo é falta de tempo para escrever. Às vezes escrevo, não tenho tempo de terminar, o post perde a validade e tenho que excluir. Tem hora que tenho tempo, mas quero descansar a cabeça longe do monitor e do teclado e não fazer nada. Também tem o fato de agora eu ficar mais em casa, o que me faz ter menos ideias.

E nestes seis meses sem escrever, quase tudo continua igual. Continuo trabalhando no mesmo lugar, fazendo faculdade, reclamando de cansaço e tudo mais. Desta vez tive um semestre acompanhado por duas gripes, duas viroses, dores de estômago, enxaquecas, problemas de rinite e estafas. Mas, dramas à parte, também tenho aproveitado a vida, com uma balada aqui, um barzinho ali, um outro evento social acolá e... uma viagem!

No meio deste ano recebi um e-mail que me trazia a oportunidade de visitar Buenos Aires pela terceira vez, para fazer uma espécie de curso. Foi uma oportunidade que veio do nada e numa hora que eu tinha dinheiro para aproveitar (raro quando as coisas se encaixam direito, né?). Em meio à correria de época de provas consegui folga no serviço, corri atrás das coisas da viagem e embarquei.

Bom, sobre a viagem eu postarei no Celeste e Branco, um blog que eu criei para relatar a viagem do ano passado, que acabou ficando meio de lado também, mas que pretendo retomar. Mas resumindo: o curso propunha que tivéssemos a rotina de um correspondente internacional. Então foram oito dias indo a palestras, conhecendo muitos lugares, visitando jornais, falando com jornalistas, tendo encontros com correspondentes e tudo mais. Como tínhamos que produzir uma matéria, tive que me virar na cidade, andei sozinho de ônibus, metrô, pelas ruas, conversei com as pessoas e fiz várias entrevistas em espanhol. Optei por fazer sobre locais peronistas de Buenos Aires e o resultado está aqui. (obs: tem umas coisinhas pra arrumar. Relevem, o texto foi terminado às 5h da madrugada)

Mas no intervalo entre palestras, entrevistas e compromissos, também nos divertimos bastante. Saímos, fomos pra balada, tivemos histórias engraçadas e tudo mais. Também fiz amizades e encontrei gente bacana.  Um destes encontros foi com a Ana Manfrinatto, que tem o blog Nos Ares. Eu sempre comento lá e tal, afinal é um blog sobre Buenos Aires [ironia mode on] e eu quase não tenho interesse em saber sobre a cidade, né? [ironia off].

E aí que eu estava na Argentina, eu e ela começamos a conversar no Twitter e ela propôs de nos encontrarmos. Eu achei a ideia super legal! Acho interessante esse negócio de encontrar gente que eu conheci na internet, sabe? Sei lá, isso torna as pessoas mais... humanas. O maior exemplo que eu dou disso é meu amigo Breno, do Rio. Conversamos desde 2005 pelo MSN após nos conhecermos em um fórum de meteorologia, um dos meus passatempos (OBRIGADO BRENO - piada interna). E em novembro de 2011, quando estive no Rio, pude enfim conhecê-lo e ver que ele existe em carne e osso, que não é um robô respondendo minhas mensagens no computador. A gente sempre foi muito amigo, mas a internet sempre causa estes distanciamentos estranhos, né? E o encontro saiu como o esperado: foi fantástico!

Mas, voltando à Ana, marcamos de nos ver um dia em San Telmo. O encontro rolou, rendeu um post no blog dela e por isso resolvi fazer este post, contando as minhas impressões sobre aquela noite. Vamos lá:

Estávamos combinando dias e horários, até que marcamos para um fim da tarde. Quando vi a mensagem dela, faltava uma hora pro encontro. Voei para o hotel, praticamente me teletransportei pro ponto de ônibus e peguei o colectivo 152, que me levava pra tudo quanto é lado naquela cidade. Só pra não perder o costume, passei nervoso em relação ao tempo, mas esqueci que Buenos Aires não é caótica como São Paulo e te permite planejar horário de chegada nos lugares com certa precisão, a não ser que haja protestos. Por sorte não havia nenhum no caminho naquele dia.

Desci num ponto com um colega de curso, que foi para um lado. Fui para o outro, sozinho, com a deliciosa sensação de me sentir um morador da cidade. Cheguei ao local, entrei discretamente. Olhava a decoração enquanto rapidamente decidia como agir, onde sentar e tal, já que eu detesto parecer estrangeiro em Buenos Aires. Por sorte, imediatamente depois chegou a Ana. Estávamos super exaustos, mas ainda assim deu pra perceber o quanto ela é gente fina :) Essa impressão a gente já tem ao ler o blog dela, mas tive o prazer de confirmar pessoalmente.

E aí conversamos sobre diversos assuntos. Disparei a falar, contando o que eu estava fazendo lá, meus planos para o futuro em relação à Argentina, esclareci dúvidas, perguntei da cidade, do governo, etc. E ela foi super simpática e atenciosa, me contou como foi parar lá, conversamos sobre jornalismo e tudo mais. Fiquei super contente em ouvir o que ela falava. Motiva a seguir com os sonhos e acalma porque mostra que tudo tem o seu tempo. É uma lição pra mim, que tenho mania de querer tudo para ontem e de querer me enfiar na tal máquina do tempo para tentar viajar pra um tempo que considero melhor, embora eu não deixe de viver o hoje.

Ela me deixou sem graça porque pagou o nosso encontro (o de São Paulo eu banco e tenho dito), que teve bebidas e pipoca, mas me deixou ainda mais feliz porque me apresentou o fernet com Coca. É uma bebida típica da Argentina que eu gostei muito, que me fez perder investir adequadamente vários pesos no drink nos dias que se sucederam, que apresentei pros colegas de curso e fiz propaganda pro pessoal do Brasil. No fim ainda ganhei um vale-bebida do local onde estávamos,. Acabei não usando, mas ele foi pra minha "gaveta das boas lembranças", onde guardo lembranças materiais de viagens especiais. Tiramos a foto que ilustra este post e nos despedimos. Suerte foi a última palavra que dissemos naquela fria noite, antes de ela ir pra casa e eu ir fazer reportagem, jantar, pegar ônibus e ficar zanzando por aquela cidade tão querida sozinho, eu e meus fones de ouvido tocando Tan Biónica, uma banda local.

Bom, falei de mil coisas, mas o post foi para contar minhas impressões sobre o encontro, para agradecer a Ana pelo tempo precioso destinado para conversar comigo num dia tão cansativo e para agradecer a internet por ter encurtado distâncias e ter me permitido conhecer tanta gente bacana :)