11 de jul. de 2010

Na terra do tango: Buenos Aires (parte 1/3)


(Foto de internet da Avenida 9 de Julio, a mais larga do mundo)

Era uma madrugada fria e de névoa do dia 11 de julho de 2008, uma sexta-feira, há exatos dois anos, quando meu despertador tocava às 2h30. Boa parte de São Paulo ainda ia dormir, enquanto eu acordava, para ir rumo ao voo AR1241 das 7h35, da Aerolíneas Argentinas, que me esperava. Era o começo de dez dias inesquecíveis, a tão aguardada viagem de formatura e a realização de dois sonhos: o da viagem internacional e, o maior deles, o de ver neve.

Ainda era meio da manhã quando pousamos no Aeroporto Internacional de Ezeiza, em Buenos Aires. As palavras em castelhano com aquele jeito rápido dos portenhos de falar dava um nó na cabeça (mas logo aprenderíamos o básico, gracias, permiso... e nos viramos muitas vezes usando a mímica). A cidade estava nublada, cinza. Ainda no caminho para o hotel, o Congresso Nacional da Argentina. Mais tarde, a primeira refeição na terra do tango, almoçamos em um Mc Donalds próximo ao hotel e naquela tarde iríamos conhecer o agradável e nobre bairro da Recoleta. É lá que se localiza o cemitério mais famoso da Argentina, onde várias personalidades do país estão enterradas, inclusive Evita Perón. Uma praça calma, em pleno centro da capital argentina, com as pessoas elegantes passeando e uma bela igreja.


O Congresso da Nação Argentina

Igreja, ainda mais bonita com a chegada do fim de tarde, no bairro da Recoleta

No dia seguinte, uma Buenos Aires pouco comum em julho: muito ensolarada e com temperatura de primavera. Fomos à Casa Rosada, sede da presidência da Argentina e que fica de frente para a Plaza de Mayo. A Plaza de Mayo é a praça mais importante de Buenos Aires e recebeu o nome devido à Revolução de Maio, em 25 de maio de 1810, que deu início ao processo de independência do país. Depois de tanto ver por fotos, era uma sensação muito boa estar vendo ao vivo a sede do governo argentino, com a bandeira celeste e branca tremulando.

Casa Rosada, numa ensolarada manhã de sábado

 Foto tirada da Plaza de Mayo. A arquitetura antiga e bem conservada se faz presente

Dali para o Boca. La Bombonera, palco de tantas partidas emocionantes e clássicos do futebol argentino. Mesmo para quem não gosta muito de futebol, como eu, é impossível não imaginar aquele estádio cheio. Pertence ao Boca Juniors e foi inaugurado no dia 25 de maio de 1940.



Amarelo e azul: as cores do Boca Juniors


Embora pareça, eu não estava no campo

Estivemos também no Caminito (onde não tirei muitas fotos interessantes, o tempo era curto e eu estava mais afim de passear por aquelas ruas e entrar nas lojinhas) e, posteriormente, para o Puerto Madero. O bairro mais moderno de Buenos Aires é, também, o metro quadrado mais caro da Argentina. Muito agradável, com ótimos restaurantes e convidativo para uma caminhada.

Puerto Madero, um dos cartões postais de Buenos Aires

Anoiteceu e fomos ao Shopping Abasto. Para chegar lá, pegamos o subte, como os argentinos chamam o metrô. O Metrô de Buenos Aires é, aliás, o mais antigo da América Latina: a primeira linha foi inaugurada em 1913 (só para se ter uma ideia, a linha de metrô mais antiga do Brasil é a linha azul do metrô paulistano, que foi fundada somente em 1974). Descemos na estação Carlos Gardel, que foi o mais famoso cantor de tango argentino, e chegamos ao Abasto. O shopping foi construído onde antes se localizava o principal mercado de Buenos Aires.


Uma pequena parte do Shopping Abasto

No domingo, ainda pela madrugada, deixamos a cidade rumo a San Carlos de Bariloche, que será a segunda parte dessas minhas lembranças. Foram apenas três os dias em que fiquei em Buenos Aires, mas foram marcantes. Agora compreendo porque todo brasileiro que vai para a capital argentina volta encantado pela cidade. A arquitetura antiga, mas bem conservada e a elegância dos portenhos me faz entender porque é um pedaço da Europa na América do Sul. Claro, com seus problemas típicos de um país em desenvolvimento, mas bem longe da imagem que a imprensa brasileira tenta retratar, de uma Argentina em crise eterna e falida. Ainda voltarei.

8 comentários:

Sheila disse...

Parabéns pelo aniversário de dois anos. É uma delicia relembrar momentos agradáveis que nos marcaram , não é mesmo?Dá vontade de voltar no tempo.

Adorei ter esse primeiro contato com Buenos Aires, me parece mesmo ser uma linda cidade. A familia da princesa da Holanda ( a tal Máxima, que contei no blog da Verinha) vive nesse bairro chique chamado Recoleta.

Acho que vc pode se orgulhar, pois esta um texto delicioso de ler.

E agora vou esperar ansiosa pelas próximas duas partes. Não tem retratinhos seus na viagem?

Verinha Rodrigues-Rath disse...

Fábio, parabéns pelo post!!!

Finalmente vai cair uma tempestade aqui na região (existe um alerta metereológico) e conforme for vou precisar desligar tudo da tomada - modem, router, plugs telefônicos, etc...

Gostei muito do que escreveu, e me lembrei de quando eu fui a primeira vez... fiquei 5 dias em Buenos Aires, e foi como viver um sonho. Eu fui sozinha, e não tive dificuldades com a língua, e nem de integração com o povo... arrumara então um namorado argentino... ahahahah... uma outra história!


Bem, quando fui à Plaza de Mayo, havia uma manifestação das mães dos desaparecidos políticos. Nada calmo como vejo nas suas fotos... era uma agitação geral... isto foi precisamente em 1985, época em que você não havia nascido...


Fiz os passeios básicos, fui ao Caminito, Recoleta, um parque cujo nome agora me escapa (tenho fotos)... conheci um bairro onde haviam os apartamentos mais caros de Buenos Aires (seria Puerto Madero???), fui também num show de tango... e vivi um romance inesquecível, se bem que curto... (esta é a tal da outra história)...


Junto com meu então namorado conheci uma universidade, andei pelo metrô, fui a lugares onde as pessoas que moram lá vão... e o conheci numa loja, perto do hotel onde fiquei... Hotel Rochester.


No dia de embarcar de volta, eu quase perco o avião... vim chorando, pois estava apaixonada e não queria nunca deixar a Argentina e o meu namorado... Carlos, acho que era seu nome... um dos nomes mais comuns por lá... seria mesmo Carlos???


Fui também a um shopping famoso, deve ser este que você cita... enfim... amei recordar tudo isto vendo suas fotos e lendo seu texto.


Por enquanto fico por aqui, estou suando em bicas por causa do calor absurdo que faz aqui... estou até com um pouco de tontura... tenho que ir tomar um ar...


Um caloroso abraço (que não daria pessoalmente sem antes tomar um bom banho)!!!!



Verinha Rath

Fábio De Nittis disse...

Obrigado pelos comentários, pessoal!!

Sheila, eu sou aquele tipo de turista que geralmente sai tirando foto dos lugares, mas não gosta de aparecer nelas. Talvez porque eu não seja fotogênico hahahah Na parte 2, de Bariloche, colocarei retratos meus, para retratar o frio e minha felicidade!!

Verinha, muito interessante a história! Se você me mostrar fotos, possivelmente identificarei os lugares, porque Buenos Aires não muda muito. Quanto ao parque, talvez seja o Palermo, que não cheguei a conhecer, mas sei que é como se fosse o Ibirapuera portenho.

Na Plaza de Mayo as mães protestam até hoje. Aliás, a Argentina está mexendo nessa ferida do passado, julgando torturadores e ditadores, mas não tenho acompanhado muito as notícias a respeito desse julgamento. Quando eu fui havia umas faixas também, não li o que era e nem lembro se reparei no dia, sei que aparece nas minhas fotos. Talvez seja protesto das mães da Plaza de Mayo, até porque eu estive lá em 12 de julho, e dia 9 de julho é feriado da independência da Argentina, talvez nesse dia 9 tenha tido alguma manifestação.

Quanto ao calor, só posso desejar sorte, porque daqui algum tempo será nossa vez de enfrentar o calor aqui no Brasil.

Breno disse...

E estarei lá dia 28!Vamos ver se nos seis dias que ficarei por lá, Buenos Aires conseguirá me "fisgar" assim como fiquei encantado ano passado pela capital chilena!Abraços!

Fábio De Nittis disse...

Breno, bom te ver por aqui!!

Bom, isso eu não garanto, mas tenho certeza que, se tudo correr bem (e se Deus quiser vai), você vai gostar muito de lá. E que você tenha mais sorte e pegue bastante frio né.

Abraço!

Verinha Rodrigues-Rath disse...

Olá, Fábio!


Passei somente para dar um alozinho... agora há pouco o blog saiu do ar, não sei quando volta (falo do meu)...


Bem, cá estou, debaixo do ventilador e com a casa toda fechada, com muito calor e bafo úmido lá fora.


Abração,



Verinha RAth - Donauwoerth, Germany, 16:32 GMT+1 - sommertime

Verinha disse...

Alô, Fábio!!!

Hoje eu escrevi um post correndo, com fome... risos meio chorosos... mas pra te explicar o lance do que ocorreu com os trens da Deutsche Bahn. Enfim, o último post eu fiz pensando em você!


Abração,



Verinha (hoje o blogg.de está ok... isola.... toc, toc, toc)

Fábio De Nittis disse...

Oi Verinha, tudo bem??

Li o post. Impressionante colapsar de calor dentro de um trem, imagina o desespero das pessoas!

Por aqui, vem aí um post pra matarmos as saudades da neve. Só que aí ela volta em breve, aqui nem no fim do mundo hahaha